O aumento das tarifas de transporte público serviu de “despertador” à população brasileira e, desde então, grandes manifestações começaram a pipocar em todo o país.
Pessoas de diversas idades, cores, raças e classes sociais foram às ruas clamar pelo fim da corrupção e por mais atenção aos problemas sociais do Brasil.
Inúmeras críticas, charges e mensagens motivacionais surgiram na internet e, como não poderia ser diferente, algumas posições partidárias foram evidenciadas.
No facebook, enquanto alguns publicavam fotografias da bandeira do Brasil outros “compartilhavam” agressões contra a face da Presidenta Dilma, justificando que cada “curtida” recebida pela imagem equivaleria a um tapa.
Revolta com a caótica situação do país? Tudo bem! Brigar por mudança é totalmente compreensível e necessário, mas ser “politiqueiro” e brigar simplesmente para “meter o pau” no PT é outra história! E não estou defendendo a Dilma, tampouco dizendo que ela não mereça sofrer as consequências de seus atos. Porém, do meu ponto de vista, nesse momento o Brasil precisa de cara nova, e não de mera substituição do partido que o comanda.
De nada adianta ser “anti-Dilma” e ter uma alma “pró-Maluf”. É o “jeitinho brasileiro” que precisa mudar, não apenas os nossos representantes.
E aí? Será que uma nação é feita apenas por seus governantes?
Antes de pintar a cara, é preciso tirar a máscara. Reivindicar sem ser hipócrita e lutar por objetivos reais.
Antes de pintar a cara, é preciso tirar a máscara. Reivindicar sem ser hipócrita e lutar por objetivos reais.
Por isso, não critique a corrupção se o seu maior interesse na mudança de um governo for o eventual cargo que você pode "faturar". Não brigue por educação se a sua maior preocupação em um curso universitário é ter dinheiro para "comprar" uma monografia. Não denomine os políticos de “malandros” se você mesmo não honra as suas dívidas e promessas. Não exija o fim da miséria no Brasil se você, contraditoriamente, for contra qualquer tipo de assistencialismo. Não questione a falta de caráter dos nossos representantes se você não tem coragem de testemunhar em Juízo contra um político ímprobo apenas porque isso "poderia te prejudicar”. Não julgue os superfaturamentos se você não perde a oportunidade de lucrar excessivamente mais que o necessário em seus negócios. Não implore por melhorias na saúde se você, enquanto profissional da área, atende de forma "meia-boca" uma pessoa carente simplesmente porque "é paciente do Posto".
Você também desvia indiretamente dinheiro público ao votar em um candidato tão-somente porque ele te proporcionou algo em troca. Esse "salafrário" que comprou o seu voto não medirá esforços para recuperar tudo que precisou investir na candidatura.
Ir para a rua e gritar que "o gigante acordou" é fácil. Quero ver a mudança acordar no interior de cada um que se diz verdadeiramente orgulhoso por todas essas manifestações que estão ocorrendo. Aí, sim... Vai ser bonito de ver! Do contrário, não passará de um momentâneo e falso “oba-oba”.
Ir para a rua e gritar que "o gigante acordou" é fácil. Quero ver a mudança acordar no interior de cada um que se diz verdadeiramente orgulhoso por todas essas manifestações que estão ocorrendo. Aí, sim... Vai ser bonito de ver! Do contrário, não passará de um momentâneo e falso “oba-oba”.
Não se iludam: uma pessoa não piora e nem melhora sozinha um país (isso vale para Presidente, Governador, Prefeito ou seja lá quem for)! Vivemos uma democracia e somos TODOS responsáveis por todas as coisas boas e ruins do nosso país.
Que assumamos a postura de “cidadãos” não apenas em manifestações como as que estão ocorrendo; que reivindiquemos com a consciência tranquila; que deixemos de ser simples espectadores dos problemas que nos cercam; e, principalmente, que passemos a colaborar verdadeiramente com a mudança do nosso país.
Você vê, você ouve, você sabe, você fala, você vota!
Protestar, sim... Ser hipócrita, não!
Avante, Brasil!
Avante, Brasil!
[Texto da Servidora do Ministério Público, Cláudia Milena Steinbach, publicado no Jornal Vale Sul, nesta data]